Iniciado em 2012, o Projeto Renda originou-se da ideia de que um encontro entre estilistas renomados e comunidades rendeiras, também renomadas, poderia contribuir para a identidade brasileira na moda, ampliando o uso da renda, valorizando-a como patrimônio cultural brasileiro e promovendo a sustentabilidade financeira das associações de rendeiras.

Para articular esse projeto, convidamos Dudu Bertholini, com quem já havíamos desenvolvido a exposição A Chita na Moda, e diversos estilistas. Para começar, preparamos uma bela caixa e, em meio a papéis de seda, colocamos amostras variadas de rendas brasileiras. Em seguida, essa caixa foi enviada a cada estilista convidado, que escolhia sua amostra até a caixa cumprir todo seu itinerário. 

Depois de desenhar seu croqui a partir da amostra de renda escolhida, o estilista enviava-o ao curador. Alguns deles como Lino Villaventura, Liana Bloisi. Martha Medeiros e Walter Rodrigues desenvolveram seus looks diretamente com rendeiras que já conheciam. 

Dudu viajou várias vezes para as associações onde as artesãs se reúnem até hoje. Lá chegando permanecia vários dias, estabelecendo-se o contato pessoal e a troca de conhecimento entre ambas as partes. Assim foi em Divina Pastora, Sergipe, com a renda Irlandesa, em Camalaú, Paraíba, com a renda Renascença e também em Icapuí, Ceará com a renda labirinto.

“Trabalhamos na confecção desses looks, todos elaborados e exclusivos. Documentamos todo o projeto em vídeo, e fotografamos os looks na modelo Fernanda Tavares, em imagens assinadas pelo fotógrafo Guilherme Licurgo” explica Dudu

Outros designers de moda convidados foram Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch e as marcas Cavalera e Zuzu Angel, por já terem trabalhado com renda anteriormente, expondo trabalhos que já pertenciam a suas respectivas coleções. 

O resultado desta parceria entre rendeiras e estilistas foi apresentado na exposição Renda-se no museu A CASA em 2015, além dos acessórios de Sabrina Chapéus e Christopher Alexander. 

Todos os trabalhos resultantes do projeto Renda, desenvolvido pelo museu A Casa, foram comprados pelo Museu e até hoje participam, ocasionalmente, de exposições realizadas pelo mundo. Os trabalhos gentilmente cedidos pelos estilistas que já os tinham em suas coleções foram devolvidos ao término da exposição.

 “Os estilistas contemporâneos brasileiros trabalham hoje para fortalecer o DNA da moda nacional e torná-la relevante no mundo todo. As rendeiras, em um caminho inverso, preservam a memória cultural de nosso país de forma preciosa e intimista, respeitando suas tradições”, completa Dudu.