
Projeto | Ojidu – Árvore da Vida Warao (2019)
Com a proposta de um projeto para trabalhar o artesanato com grupos de refugiados, o Museu A Casa entrou em contato com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR, no início de 2019. Dias depois, as equipes do Museu e do ACNUR se reuniram e sugeriu-se iniciar esse projeto com a população venezuelana indígena da etnia warao (Povo da Água), em Boa Vista e Pacaraima – Roraima.
“No mundo atual, onde uma parcela da população se encontra em trânsito, incentivar sua produção cultural artesanal é um meio eficiente de espelhar sua identidade e permitir que viva dignamente” – diz Renata Mellão, diretora do Museu A CASA.
Devido a problemas econômicos e políticos na Venezuela, os warao, grupo étnico constituído há mais de oito mil anos no delta do rio Orinoco, dirigiram-se ao Brasil, principalmente para os estados de Roraima, Amazonas e Pará. Para eles, a palmeira buriti é considerada uma mãe, proporcionando tudo que necessitam para alimentação, habitação e artesanato, tendo como base a fibra da sua palma. Ao contemplar as artesãs trançando ou tecendo, conclui-se que a habilidade em executar suas técnicas artesanais tornou-se um conhecimento inerente a sua existência.






Para a realização de oficinas em Boa Vista, visando ao desenvolvimento de produtos, o Museu convidou o designer Sérgio Matos, experiente no trabalho com fibras na região amazônica. Partindo da técnica tradicional dos warao, desenvolveram-se cestos, vasos e luminárias com a palha ao natural.
Com a intenção de realizar uma exposição, divulgar e vender o trabalho do grupo, o museu A Casa efetuou uma compra dos objetos tradicionais e encomendou algumas peças em tamanho maior, transportadas a São Paulo pela Força Aérea Brasileira – FAB, por meio da sua parceria com o ACNUR.
Todo esse processo, desde a 1º conversa com o ACNUR até realização da exposição, decorreu em muito pouco tempo, em parte pela urgência que a situação daqueles refugiados pedia. A participação da equipe do ACNUR foi de extrema importância para a realização da exposição.
O Museu vendeu quase tudo na própria noite da inauguração, mostrando o potencial desse artesanato. Foi surpreendente o interesse do público em conhecer a história, adquirir as peças e participar do workshop oferecido por duas artesãs indígenas warao, presentes na ocasião.
Esta sequência de ações fortaleceu a parceria entre o Museu A CASA e o ACNUR. O projeto do Museu com o designer Sérgio Matos e os artesãos agora se expande a Manaus, porém um dia antes da nossa ida para lá, o ACNUR nos advertiu da impossibilidade de entrar no acampamento, devido à pandemia.
O Museu pretende realizar nova exposição com peças tradicionais e peças desenvolvidas juntamente com Sérgio Matos, assim que for possível.